Roma foi uma monarquia desde a sua fundação por Rómulo (em 753 a.C., segundo a lenda). Em data incerta, porém, o território romano foi invadido pelos etruscos, povo vizinho, cuja civilização era notável para o tempo, mas cujos reis exerceram uma verdadeira tirania sobre os Romanos que sempre os consideraram estrangeiros, durante os cerca de 100 anos que durou o seu domínio. Sobre o último desses reis podes ler o texto que se segue, baseado nas palavras de Tito Lívio, importante historiador romano do séc. I a.C.
Tarquínio (1), o Soberbo, segundo Tito Lívio
“O filho de Tarquínio, o Velho, casara-se com a ambiciosa Túlia, filha de Sérvio Túlio. Impaciente por suceder a Sérvio, [Tarquínio] procurou rodear-se de senadores (2), seduzindo uns e comprando outros. Quando o momento lhe pareceu propício, correu ao fórum (3) com os seus guarda-costas, entrou na Cúria (2), sentou-se no trono real e ordenou que se convocassem os senadores que acorreram, temerosos. Quando Sérvio chegou, furioso, Tarquínio agarrou-o e atirou-o pela escada abaixo e depois mandou os seus guardas assassinarem-no. Para cúmulo dos horrores, Túlia, que chegava de carro, saudou primeiro o seu marido com o título de rei e depois, encontrando no caminho o corpo de seu pai, esmagou-o com o carro, salpicando-se com o seu sangue. Por causa disso, a rua ficou a chamar-se Via Celerada.
Foi assim que começou o reinado de Tarquínio, o jovem. Chegado ao trono pela violência, governou pelo medo. Recusou-se sempre a consultar o Senado (1) ou o povo para administrar o Estado, para declarar a guerra ou decidir a paz e assinar tratados. Chamando a si o papel de juiz, mandou exilar ou matar muitas pessoas que lhe desagradavam ou às quais queria confiscar a fortuna. Roma, aterrorizada, chamava-lhe, secretamente, o Soberbo, quer dizer, o orgulhoso.”
(Versão livre minha)
(1) Tarquínio, o Soberbo, foi o último rei de Roma. Os seus antecessores foram: Tarquínio, o Velho (seu pai) e Sérvio Túlio (seu sogro). O filho de Tarquínio, o Soberbo, depois de ter brutalizado a esposa de um oficial que estava em campanha, teve de fugir perante a cólera do povo de Roma. A revolta dos romanos estendeu-se ao próprio rei a quem expulsou, instalando a república. Isto aconteceu no ano de 509 a.C.
(2) Senadores são os membros do Senado que é uma assembleia constituída por antigos magistrados. Os senadores eram, por isso, pessoas mais velhas e sensatas e a sua opinião era sempre tida em conta. O Senado reunia-se num edifício próximo do forum, chamado a Cúria. Os senadores davam a sua opinião depois de o presidente lhes passar a palavra e falavam do seu lugar. Depois votava-se. A decisão do Senado (ou melhor, o conselho) era o senatus-consultae.
(3) O Forum era um local de comércio mas, acima de tudo, era o centro da vida política e religiosa. Lá estavam os principais espaços ou edifícios políticos, mas também importantes templos e tribunais (basílica), como podes constatar, observando a planta que se segue. Nota: na basílica, além de julgamentos, fazia-se comércio e realizavam-se reuniões políticas
Para que a observação seja completa é preciso dizer que o Comiticum era um espaço de reunião dos Comícios que eram assembleias populares de grande importância, sobretudo durante a República. A Cloaca máxima era, como o nome indica, a principal via de escoamento dos esgotos de Roma, em direcção ao rio Tibre. Curiosamente, os romanos devem-na aos reis etruscos.
Depois de expulsarem o último rei, os romanos nunca mais quiseram ouvir falar em monarquia. Alguém é capaz de dizer porquê? Todas as explicações são bem-vindas à caixa de comentários!
Depois de expulsarem o último rei, os romanos nunca mais quiseram ouvir falar em monarquia. Alguém é capaz de dizer porquê? Todas as explicações são bem-vindas à caixa de comentários!
Sem comentários:
Enviar um comentário